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domingo, 30 de dezembro de 2012

DESCANSE EM PAZ: AS PANTERAS


Quem cresceu nos anos 1970 teve o prazer de acompanhar uma programação de TV dominada por desenhos e seriados estrangeiros. Um era mais criativo que o outro. Tive a oportunidade de conhecer As Panteras já nos anos 2000 quando o Canal 21 (emissora pertencente ao grupo Bandeirantes) passou a exibir esse e outros seriados clássicos.

Com historias simples e sem grandes inovações - a não ser, claro, de ser uma das primeiras series estreladas só por mulheres - As Panteras conta a história de Charlie Townsend um homem que decide abrir uma agencia particular de investigações e contrata como detetives três policiais que estavam sendo mal aproveitadas em suas funções. Sabrina (Kate Jackson) era a mais séria, comprometida e fazia as vezes de líder.  Há uma lenda entre os fãs que Sabrina era lésbica. A verdade é que ela usava roupas mais masculinas como terninhos, mas isso estava entrando na moda. Kelly (Jaclyn Smith) era classuda, linda, com cabelos e os lábios sempre brilhantes. E, por ultima e não menos importante, temos Jill (Farrah Fawcett). A loura chamou a atenção por sua beleza impar e seus cabelos que impressionam até hoje de tão belos. Esse trio da pesada tem as missões acompanhadas por Bosley (David Doyle), uma grande apoio para as beldades. As missões feitas pelas garotas eram dos mais variados tipo, invariavelmente envolviam as panteras terem que se disfarçar e acabar com algum esquema de bandidos.

Jaclyn Smith, Farrah Fawcett e Kate Jackson


Como disse acima, os roteiros não inovavam muito e não passavam do esquema caso da semana onde as garotas se disfarçavam e acabavam com a trama. Isso foi um dos fatores que incomodou a pantera Farrah que pediu para sair ao final da primeira temporada. O produtor Aaron Spieling (também produtor executivo de Barrados no Baile, Melrose e muitas outras séries) não aceitou a demissão de Farrah e ela forçou a situação. Para todos, ela dizia que queria aproveitar a sua popularidade (principalmente onde o poster clássico dela de maio vermelho vendeu mais de 12 milhões de cópias), mas o bem da verdade é que seu marido Lee Majors (astro da série O Homem de Seis Milhões de Dólares, outro sucesso da época)  estava incomodado com o sucesso da loura e exigiu que ela ficasse em casa. Então, mesmo temendo a ausência de Farrah, Spieling autorizou a produção da segunda temporada que teve o acréscimo de outra loura no elenco. A linda Cheryl Ladd, que era primeira opção para o papel de Jill, enfim foi contratada para o lugar de Farrah, fazendo o papel de Kris, a irmã mais nova de Jill.

Foto do elenco da segunda temporada


Assim o programa continuou imbatível, sucesso absoluto entre as crianças e mulheres e com os homem babando pelas belas e sensuais detetives. Até que outra pantera entrou em crise. Ao final da terceira temporada, Kate Jackson, a Sabrina, também saiu querendo novas oportunidades na carreira. Para seu lugar foi convocado a modelo Shelley Hack como Tiffany, mas a personagem não caiu nas graças do publico, pois a atriz transmitia pouco carisma. Em seu lugar foi convocada outra bela atriz, Tanya Roberts, ela foi Julia uma ex-modelo tentando seguir a carreira de detetive. O fato das constantes trocas de elenco somada com a minima evolução do roteiro (se bem que, isso era comum nas series da época)  fizeram a audiência do show diminuir cada vez mais e o programa foi cancelado em 1981 após 5 temporadas e 110 episódios produzidos.








Shelley Hack, Jaclyn Smith e Cherryl Ladd



As Panteras foi um marco na história televisiva por mostrar o inicio da chamda Girl Power um movimento que provou que seriados de televisão podia ser estreladas por mulheres em papéis fortes . A nova geração conhece as Panteras de popular filme estrelado por Cameron Diaz, Drew Barrymore e Lucy Liu em 2003 que teve uma continuação co-estrelada por Demi Moore e Rodrigo Santoro. Um novo remake para TV estreou em 2011 mas durou apenas 08 episódios  As atrizes eram bem sem graça. Tem coisas que só funciona na hora certa.

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Para quem se pergunta o por que da serie se chamar aqui no país As Panteras, sendo que o titulo original é Charlie's Angels (ou Os Anjos de Charlie em português) eu respondo a pergunta. A dublagem da serie feita na Herbert Richers procurava um nome impactante, que combinava com as aventuras das detetives. Anjos não combinava muito com o tom agressivo que serie tinha as vezes, então a expressão As Panteras foi criada. Com total apoio da produção americana. Essa foi uma época de ouro para dublagem brasileira que adaptava com louvor nomes de series e expressões ditas no original. O caso mais famoso e curioso de adaptação foi da série de comedia Primo Cruzado. Alem do titulo fazer uma brincadeira com o famigerado plano cruzado que foi posto em pratica na economia do pais na época, um dos personagens foi rebatizado de Zeca e, ao invés de vir da Grécia como no original, veio de Minas Gerais com sotaque bem mineiro. Um trabalho sem igual do falecido dublador Newton da Matta (voz de Bruce Willians por anos). Outros dois casos famosos são das séries Alf - O E.Teimoso e Casal 20. No primeiro, o termo eteimoso surgiu da personalidade difícil e marrenta que o alienígena protagonista da série tinha, em outro trabalho de dublagem sem igual de Orlando Drummond, mais conhecido por fazer o "Seu Peru" da Escolhinha do Professor Raimundo e que também faz a voz de Scooby Doo. Ja no caso de Casal 20, o nome original do show é Hart To Hart. A série ganhou este nome por que na época o filme Mulher nota 10 fazia sucesso nos cinemas.


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

MEUS FILMES: FESTIM DIABOLICO

FESTIM DIABÓLICO (1948)



Acredite ou não, Festim Diabólico é o mais polemico filme feito pelo mestre do suspense Alfred Hitchock.  Dois motivos aparentemente simples para os dias de hoje. Primeiro, é que Hitchcok sempre abusou de edições e truques cinematográficos em suas películas, e Festim é basicamente um teatro filmado. E outro é que a trama é estrelada por dois personagens homossexuais.  Na época da estreia, o filme foi um tremendo fracasso por causa disso. O roteiro em nenhum momento cita a opção sexual dos dois protagonistas, mas internamente, la nos bastidores, todos sabiam que o filme era sobre "aquilo", como a homossexualidade era tratada na época, e também o fato do apartamento deles terem um só quarto entrega o jogo.

A trama do filme é sobre Brandon (John Hall) e Phillip (Farley Granger), dois amigos que resolvem matar outro amigo, David (Dick Hogan) por considera-lo inferior. Para coroar o feito, os dois resolvem dar uma festa com a desculpa de apresentar alguns livros para o pai de David. Manipulador ao extremo, Brandon ainda convida a namorada do rapaz morto e o ex-namorado dela. E, numa prova de total sadismo, o professor da faculdade de todos ali presentes, que ensinou a tal lei da superioridade também é convidado. Todos bebem e comem servindo-se numa arca onde o corpo de David jaz.

Os dois assassinos. Tensão crescente.


O que faz de Festim Diabólico uma obra sem igual é o desafio técnico que o diretor propôs ao fazer o filme um longo plano sequencia. ou seja, toda a ação é passada em tempo real e sem cortes. Claro que os cortes estão inseridos durante o filme naquelas cenas onde algum personagem entra na frente da câmera. Cada cena dura 10 minutos, o tempo de duração de um rolo de filme, foram gastos 8 rolos. Os atores ensaiavam num dia e gravavam no outro, com muito cuidado, pois o diretor detestava quando alguém errava e tudo teria que ser refeito. A câmera era um enorme e pesado equipamento operado por quatro homens que tinha que suar para seguir as rígidas marcações de Hitchock, para desespero dos atores que, atrás da câmera  tinham que desfiar de fios, cabos e os cenários que eram móveis. por falar em cenário, parte do filme teve que ser refeita devido ao cenário ao fundo que imita a cidade de Nova York. Tudo por conta do detalhe que foi passado desapercebido, o tempo avança no filme, mas a vista continua a mesma com o sol raiando.  Segundo Hich, esse detalhe seria percebido por todos, uma vez que a poderosa câmera tinha a tecnologia Technocolor, onde o colorido ficava mais próximo do real.

No original o titulo do filme é Rope. Corda em inglês, que o objeto que Brandon e Phillip usam para matar um inocente. 


Toda a publicidade que o estúdio dispunha na época fora utilizado. Hitchcok, que sempre foi a estrela mais brilhante de seus filmes, fez uma coletiva de impressa onde prometeu que todos viriam o filme mais impactante de suas vidas. E, nem mesmo o engenhoso trailer que mostrava o futuro morto David e sua namorada Janet curtindo o namoro com uma macabra voz ao fundo dizendo "essa sera a ultima vez que ela verá ele. Essa sera a ultima vez que você verá ele" dispertaram o interesse do publico. Os jornais na época disseram que ninguém queria ver James Stewart num papel antagônico. Mas hoje é sabido que foi por causa "daquilo".

James Stewart, um dos atores favoritos do diretor, teve receio em aceitar o papel com medo das pessoas não entenderem sem personagem. Parece que ele previu o futuro.


Visto hoje, Festim Diabólico continua um filmaço, um dos melhores da filmografia de Alfred Hitchcok. Anos depois, o mestre renegou essa engenhosa produção  alegando que cinema é edição,  cortes e montagens, e nada disso é visto em Festim. Talvez ele ficou chateado com o resultado da bilheteria. Quem assistiu, porem, percebe a maravilha que o filme é, com a tensão crescente e o humor negro presente nos diálogos cheios de duplo sentido.

MELHOR MOMENTO: 
Uma cena simples, aparentemente, mostra a empregada tirando os talheres e comidas de cima da urna onde o corpo do assassinado esta colocado. A tensão cresce a medida que ali pode ser momento onde todos descobrem o crime mas o esperto Brandon percebe e trata de desviar a atenção do objeto.



domingo, 23 de dezembro de 2012

MÁS COMPANHIAS: OS INTOCÁVEIS

OS INTOCÁVEIS (THE UNTOUCHABLES)            
EUA, 1987, DIREÇÃO: BRIAN DE PALMA
COM KEVIN COSTNER, SEAN CONNORY,
ANDY GARCIA, CHARLES MARTIN SMITH 
E ROBERT DENIRO.


O Poderoso Chefão já era um dos filmes sobre mafiosos italianos mais famosos quando Brian De Palma apareceu com este Os Intocáveis. Remake da série de TV homonímia dos anos 1960 (que fora produzida pela Desilu, produtora pertencente a comediante Lucy Ball e seu marido, que foram ameaçados pela máfia a época de produção do seriado) este intenso drama tenta simplificar em pouco menos de duas horas a relação de gato e rato que o gangster Al Capone (Robert Deniro) teve com o honesto agente do governo Eliott Ness (Kevin Costern). O plano do jovem Ness é ambicioso: acabar com a máfia e a venda ilegal de bebidas. Só pra te situar melhor no tempo, a década de 1930 os EUA vivia uma incrível recessão, muitas medidas foram tomadas pelo governo para o país não quebrar. Entre elas estava a lei seca, que proibia o comercio de bebidas alcoólicas  Era uma industria milionária que só beneficiava os donos das empresas. Como o povo nunca aguentou ficar sem beber, um submundo nasceu para traficar bebidas e revende-las ilegalmente. Os únicos que tiveram peito para isso foram os ítalo americanos. Nesse cenário, onde quem não obedecia a lei dos carcamanos morria, se passa o filme.

Ness resolve combater Capone unindo ao redor dele homens de extrema confiança e bom caráter  Começando por Jim Malone (Sean Connory, ganhador do Oscar de ator coadjuvante por este papel) um policial velho, mas com o conhecimento o suficiente para achar qualquer falha de Capone, o jovem policial e bom atirador George Stone (Andy Garcia) e o contador da Receita Federal Oscar Wallece (Charles Martin Smith, também diretor, inclusive dirigiu o piloto de Buffy - A Caça Vampiros). Esse grupo é apelidado de os Intocáveis por deixarem bem claro que são incorruptíveis.  Claro que eles viram motivo de chacota da policia e de ódio de Capone, uma vez que, a certa altura, os planos do gangster começam a ser descobertos.


Mesmo que você não goste do tema máfia, o filme é ótimo. Tem um ritmo muito bom e tem sequencias memoráveis que já entraram na história da sétima arte como a clímax na escadaria da estação de metrô que, também é uma tremenda homenagem a uma cena do clássico Encouraçado Potemkin e o assassinato de um dos intocáveis, uma cena que vai do alivio ao susto em segundos. O que dizer do elenco? O Oscar de coadjuvante recebido por Sean Connery, fez muita gente calar a boca ao dizer que o ex-007 não passava de um charmoso canastrão. Também temos Deniro e Costner dignos de elogios. Um trabalho sem igual do diretor Brian De Palma, uma das poucas refilmagens que superaram o original.





terça-feira, 18 de dezembro de 2012

SOUND TRACK - A MUSICA DE CINEMA

RAMONES - PET SEMATARY TRILHA SONORA DO FILME CEMITERIO MALDITO.



O representante máximo do suspense Stephen King roteirizou o filme baseado em seu livro. Este é um dos filmes mais lembrados dos anos 80, não possui a quantidade exagerada de sangue que outros filmes da década tem, mas cumpre a sua missão com louvor: assustar. A história da família Creed, que compra uma casa dos sonhos e tem sua vida transformada num pesadelo por causa de um cemitério de animais no quintal de casa, é embalada por uma das musicas mais legais dos Ramones: Pet Sematary. Repleto de momentos antológicos (atropelamento e posterior ressurreição do gato da família)  e emocionantes (metade da família não sobrevive) , esse é um dos poucos casos em que o filme e sua musica tema são tão marcantes que seria difícil um existir sem outro.


sábado, 15 de dezembro de 2012

BAU DAS SÉRIES OBSCURAS: SETE DIAS


Em 1998, a Band de olho no sucesso de Arquivo X na Record inaugurou a sua faixa de seriados no horário nobre. A emissora apostou suas fichas em atrações variadas. Tinha Sétimo Céu, uma série família sobre um pastor, sua mulher e seus filhos, Ally Mcbeal mostrando as aventuras amorosas de uma advogada louca e Sete Dias (Seven Boys). Ficção Cientifica de primeira, este seriado tinha uma interessante premissa: um ex-agente que é escolhido pela CIA para participar do projeto Operação Retorno que prevê um crime e envia o escolhido numa maquina do tempo, onde ele tem apenas sete dias para evitar que este crime ocorra.



Frank Parker (Jonathan Lapaglia, visto recentemente na minissérie The Slap) foi escolhido por causa de seu temperamento difícil e um estilo kamikase de agir para ser o agente encarregado de missões que incluem tragedias politicas, ambientais e sociais. A estranha maquina do tempo foi construída com base em tecnologia alienígena, então, ela não é tão precisa. Ela envia Frank num período até sete dias antes da tragedia, ou seja, pode ser os sete dias, um dia ou até meia hora. O local também nunca é exato e o preparo físico de Frank  ajuda bastante nestas horas. O homem tem que correr muito... Fazem parte deste projeto clandestino a durona Olga (Justina Vail), que vive em atrito com o herói  mas no fundo se sensibiliza por ele, já que, devido a instabilidade da maquina do tempo, Frank pode ir e não voltar mais. Fazem parte do elenco de apoio também Donovan (Don Franklin), chefe do projeto, Issac Mentor (Norman Lloyd) um cientista, o rabugento Nate Ramsey (Nick Searcy), entre outros.

O elenco é bem dinâmico  apesar de aparecerem pouco, já que a ação é centrada no "caso da semana". Os roteiristas tiveram que ter bom senso já que esse tipo de série, com um tema tão especifico, tende a se repetir muito. O resultado é uns episódios sensacionais e outros bem mais ou menos. Produzido entre 1998 e 2001, Sete Dias é mais uma interessante série dos anos 90 que durou pouco, mas marcou muito.

O ator Jonathan Lapaglia se formou em medicina. Seu irmão é o tambem ator Anthony Lapaglia da série Desaparecidos.