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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

ASCENSÃO, APOGEU E QUEDA DO CAPITÃO MARVEL

OS 73 ANOS DE CRIAÇÃO DE UM DOS MAIORES HERÓIS DOS GIBIS.



Entre os anos 1938 e 1939 o Superman reinava absoluto nas bancas americanas com suas histórias calcadas na ficção cientifica. A National Comics (que mais tarde se tornaria a DC Comics) comemorava os 1 milhão de revistinhas vendidas do personagem. Uma editora concorrente, a Fawcett, viu uma possibilidade de pegar um pouco deste sucesso e através do desenhista C.C. Beck criou o Capitão Marvel. Conhecido mundialmente como Shazam, o personagem acabou conquistando bem mais fãs do que o Superman. Mais detalhes, a seguir.

O Capitão Marvel tinha um diferencial. Ele criou identificação imediata com seu publico, as crianças. Na história, o jovem órfão Billy Batson recebe super poderes do mago Shazam, após Billy falar seu nome alto. Um estrondoso relâmpago surge e transforma o jovem no Capitão Marvel, um super ser poderoso. Ao invés das crianças se imaginarem adultas agindo como Superman, elas poderiam ir mais alem e se transformar no Capitão Marvel. Uma jogada simples e eficaz. Os gibis do Capitão ultrapassaram as vendas do Super e, em pouco tempo, tinha mais dois milhões de revistas do personagem em circulação. Os gibis de Shazam também não ficavam parados no tempo e iam evoluindo apresentando novos personagens, criando um universo próprio e coeso. Incomodada com o sucesso da rival, a National decidiu processar a Fawcett por plagio. Durante anos o processo que a agora DC movia contra a Fawcett se arrastou. Até os anos 1950, quando os quadrinhos de super heróis não vendiam tanto quanto antes e a Fawcett desistiu dessa briga, descontinuando as revistas do personagem. A DC não ficou totalmente sossegada, já que no mesmo período o famigerado livro A Sedução do Inocente foi publicado. Nele, o autor acusou os quadrinhos de serem má influencia aos jovens leitores.



Foi um período complicado para as revistas em quadrinhos e as duas maiores editoras da época  DC e Timely (atual Marvel Comics) amargavam baixas vendas. Um pouco tempo depois, após as guerras mundiais, a estabilidade da economia americana e o povo americano querendo viver uma nova era, os gibis voltaram a circular com força total. Claro, sem a mesma quantidade absurda de vendas. A DC aos pouco perdia o posto de editora numero um para a Marvel e seus heróis com historias mais próximas aos dia a dia dos leitores. O plano da editora era contra atacar a rival criando mais e mais seres poderosos. Um dos planos para aumentar o numero de personagens foi a aquisição de personagens de varias editoras menores como a Charlotn Comics e a Fawcett, cujo principal super herói  Capitão Marvel, não era publicado quase 20 anos. Isso mesmo, antes a pedra no sapato da DC começou a fazer parte de seu elenco de super seres.

A bem da verdade é que até hoje, a DC soube aproveitar pouco do potencial do Capitão Marvel. Dizem que tudo é por conta do nome do personagem, coincidentemente, o nome de sua maior rival, Marvel Comics, que aproveitou os vinte anos longe das bancas do personagem e criou um personagem com o mesmo nome que confunde muita gente. Desde então  nas banca as revistas estreladas pelo personagem são chamadas de Shazam!


Durante os anos 1970, 1980 e parte dos anos 1990, o personagem foi coadjuvante de luxo e todas as tentativas de uma nova revista foram fracassos. Em 1996, a nova geração de leitores de gibis (inclusive este que vos escreve) conheceu e passou a admirar o personagem graças a sua memorável participação na espetacular mini serie O Reino do Amanhã. Na estoria escrita por Mark Waid e pintada de modo sublime por Alex Ross, Marvel, devido a seu perfil inocente, foi influenciado por Lex Luthor a acabar com todos os super seres. Com a ajuda de um parasita que controla o Capitão, ele acaba fazendo as vontades do vilão. Ninguem menos que um desacreditado Superman aparece e a luta entre os dois ficou marcada para sempre na história dos quadrinhos como um momento único. De tirar o folego. Sensacional. A história de O Reino do Amanhã é uma grande critica a industria dos gibis na época cujos os campeões de popularidade e vendas eram os heróis violentos e sem carisma com roteiros vazios. O Capitão Marvel representava a inocência dos primórdios da nona arte, enquanto o Superman fazia as vezes de indignado com a nova geração. Para mim, esta é a melhor historia em quadrinhos já publicada. Difícil de ser superada.

Mesmo com toda a história e importância para as HQs, o Capitão Marvel é um dos mais injustiçados personagens que mereciam melhor tratamento por parte da DC, indiferente do nome dele ou não. O Capitão Marvel, para os fãs, continua único e imbatível.


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