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domingo, 19 de junho de 2011

MAIS UMA ERA QUE CHEGA AO FINAL


ANUNCIADO O FIM DAS ATIVIDADES DA EMPRESA DE DUBLAGEM ALAMO

Mais uma triste noticia para quem curte o universo da dublagem brasileira de filmes, desenhos e séries. O empresário Alan Stoll anunciou o fim das atividades de sua empresa a Alamo. Ao lado da também fechada Herbert Richers, o estúdio era um dos mais prolíferos, respeitados e requisitados estúdios de dublagem do país. Começou suas atividades entre os anos de 1974 e 1975 em São Paulo comandada pelo pai de Alan, Michel. Surgiu da então necessidade cada vez maior da televisão de apresentar produtos importados na sua programação (não era comum a grade de uma grande rede ter muitos programas próprios naquela época).

Ao longo dos anos, a empresa fez a versão brasileira de grandes e saudosos sucessos. Foi responsável, entre outros das inesquecíveis histórias de Kevin Arnold em Anos Incríveis para TV Cultura um sucesso de publico e critica, tanto a versão original quanto a brasileira, todas as séries japonesas que foram exibidas na Manchete na década de 90, também a redublagem de Os Cavaleiros do Zodíaco assim que a imagem do desenho foi restaurado digitalmente. Tambem era cliente da Disney onde dublou os 3 filmes de High School Musical, seriados como Lost, Dr. House e grandes filmes como Pecados Íntimos, saga Crepúsculo, Bastardos Inglórios e Inimigos Publicos. Não posso deixar de citar desenhos como Bob Esponja, Os Anjinhos e O Fantástico Mundo de Bobby. Claro que é só uma pequena parte de muitas horas de todo o tipo de mídia.

A razão principal dada pelo dono da empresa é a mesma justificativa dada pelos herdeiros de Herbert Richers, a cada vez maior invasão de pequenos estudios que cobram micharia para adaptar para nosso idioma produçoes cinematograficas e televisivas. Tal pratica só aumentou de uma década para cá onde as grandes empresas adquiriram equipamentos caros e mais modernos e cobraram isso de seus clientes, as distribuidoras de filmes. Claro que os semi-profissionais de plantão aproveitaram esse nicho e cobravam preços abaixo até do mercado. Isso, somado ao desinteresse cada vez maior de empresas como Globo, que exigia das empresas que um mesmo dublador dublasse o mesmo ator em produtos importados. Nas outras emissoras e tambem na TV a cabo, onde possui o maior numero de produtos dublados, não há essa preocupação. Aos poucos, as maiores empresas foram fechando suas portas deixando um legado e um pouco da história fonografica do país...bem, na história. Além da Alamo e Herbert, a VTI, AIC, Master Sound e tantos outros tambem ja se foram. Em São Paulo, um dinossauro ainda sobrevive a extinção: a BKS e no Rio, o mais afetado com esses novos tempos, empresas de qualidade como Cinevideo e Wan Macher seguram as pontas.

Não só os aficionados por esse mundo estão tristes, dezenas de profissionais da empresa, assim como o extenso elenco de atores e atrizes que por ali passaram sentem muito. No programa de Nelson Machado (o Kiko de Chaves) apresentado na internet, uma homenagem/reportagem/bastidores é mostrado com depoimentos emocionados de atores como Orlando Viggiani (Marty Mcfly de De Volta Para o Futuro), Angélica Santos (Cebolinha da Turma da Monica), Wendel Bezerra (Goku de Dragon Ball Z, outro sucesso da empresa) e Nair Amorim (Ahames de Changeman). Eles e a Alamo fazem parte da minha e provavelmente sua vida. Uma pena que isto esteja acontecendo. Mas, parafrasendo o titulo do ultimo capitulo de Jornada nas Estrelas - A Nova Geração: Tudo que é bom, um dia acaba.


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