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quinta-feira, 11 de abril de 2013

80 ANOS E COM MUITO FOLEGO

UM BALANÇO DA CARREIRA DE MANOEL CARLOS




Um dos mais interessantes programas do canal Globo News é o Arquivo N onde grandes momentos da história do nosso país é revisitado pelas imagens do vasto arquivo das organizações Globo. Semanas atras o programa homenageou os escritor de novelas Manoel Carlos que ultimo dia 14 de março completou 80 anos de uma vida bem vivida. A pauta do Arquivo N foi focada nos momentos mais impactantes das histórias daquele que é considerado pela impressa o melhor autor de novelas do Brasil.

Maneco, como carinhosamente é chamado, começou a carreira como ator interessando-se pela arte de escrever pouco tempo depois. Alem de escrever, também produziu e ajudou na direção de vários programas como Fantástico e A Família Trapo. O interesse nas telenovelas começou a partir do momento que Maneco foi chamado para escrever os teleteatros, que eram versões para televisão de grandes peças de teatro e livros. Isso foi só em 1978. A seguir, suas obras comentadas e a repercussão que elas tiveram no país.

MARIA MARIA (1978)

A história de duas gémeas idênticas Maria Alves e Maria Dusá (Nivea Maria) com personalidades bem diferentes que causam confusão numa pequena cidade no seculo XVIII.
A primeira novela escrita por Maneco é bem diferente das histórias contemporâneas que estamos acostumados. Maria Maria foi uma trama de época inspirada no romance Maria Dusá de Lindolfo Rocha que alavancou a audiência das 6 da tarde que na época produzia somente novelas de época e  baseadas em grandes romances.

A SUCESSORA (1978)

Susana Vieira faz Marina Steen uma jovem apaixonada por um viúvo, que a acolheu em sua mansão para ter uma nova chance para o amor. Mas Marina passará por varias provações para conseguir sua felicidade, principalmente convivendo com o fantasma da falecida esposa de Roberto Steen (Rubens de Falco) e a sinistra governanta Juliana (Nathalia Timberg).
Antes era comum os autores escreverem mais de uma novela por ano pelo fato delas serem mais curtas e enxutas. No mesmo ano em que estreou com Maria Maria, Maneco assinou A Sucessora outro estrondoso sucesso. O escritor convenceu a Globo a apresentar uma historia bem diferente das convencionais tramas águas com açúcar que o horário das 6 permitia. Ele criou uma atmosfera pesada com uma alta carga dramática e psicológica, sem espaço para o humor e romances açucarados.

MALU MULHER (1979)

Malu é uma mulher a frente do seu tempo, do tipo que estamos acostumados a ver hoje, forte, trabalhadora e que tem que dar conta de casa e filhos.
O seriado revolucionou a TV brasileira ao abordar assuntos nunca antes discutidos na televisão e teve Manoel Carlos como um dos principais escritores.

ÁGUA VIVA (1980)
A vida dos ricos é retratada nesta história que tem como protagonista Maria Helena (Betty Faria), uma órfã que se esforça para ser alguém na vida.
Se você pensa que as tramas de Manoel Carlos e Gilberto Braga tem pouco em comum, precisa conhecer Aguá Viva. Por sugestão de Braga, Maneco co-escreveu a estoria a partir do capitulo 39 e se tornou um grande sucesso das 8.

BAILA COMIGO (1981)

Helena (Lilian Lemmerts) da a luz a gêmeos, mas na época do parto tinha poucas condições financeiras e entregou um dos garotos para o empresario e pai verdadeiro deles Quim (Raul Cortez), que foi embora do país. Anos depois, com os gêmeos Quinzinho e João Vitor (Tony Ramos) já crescidos eles voltam pra o Brasil e Quim esta disposto a reencontrar seu outro filho.
HELENA DA VEZ: LILIAN LEMMERTS
Ao ganhar a chance de escrever para o cobiçado horário das 8, Maneco surpreendeu a todos e entregou um folhetim fora do comum. Em Baila Comigo, tivemos a primeira Helena de Maneco que, como o próprio autor defende, são mulheres fortes, independentes, mentirosas, apaixonadas e apaixonantes. A protagonista carrega do marido (Fernando Torres) o dilema de esconder a paternidade dos filhos.

SOL DE VERÃO (1982)

A surpreendente estoria de Raquel (Irene Ravache) uma mulher que abandona o marido por estar infeliz e vai para o Rio de Janeiro com sua filha. La se envolve com um machão Heitor (Jardel Filho) e conhece o funcionário da mecânica dele Abel (Tony Ramos) que é surdo e mudo.
A história vinha crescendo em audiência e popularidade ate que uma tragédia se abateu sobre todos. O protagonista da trama, o ator Jardel Filho, teve um ataque cardíaco fulminante e faleceu faltando dois meses para o termino da novela. Todos se abalaram, e Maneco sensibilizado pela morte do amigo, não quis mais escrever a trama, que foi finalizada por Lauro Cesar Muniz e Gianfrancesco Guarnieri.

JOANA (1985)
Joana é a estoria de uma mulher independente e destemida que aguenta a pressão da sociedade por viver separada do marido.
Seriado que teve roteiros assinados por Maneco e que, apesar de não ter sido exibido pela Globo, teve vários atores do seu casting atuando, inclusive Regina Duarte como Joana.

VIVER A VIDA (1984) E NOVO AMOR (1986)
Maneco saiu da Globo em 1983 e fez estes dois trabalhos para a TV Manchete. O primeiro, apesar do nome não tem nada a ver com a novela escrita por ele em 2009, é uma mini serie e conta história de pessoas que querem aproveitar o máximo a vida. No trabalho seguinte, Fernanda (Renee de Vielmond) vive dividia entre os amores de Bruno (Nuno Leal Maia) e Marco Antonio (Carlos Alberto)

Durante alguns anos, Maneco foi convidado a escrever para fora do pais e participou no processo de criação de duas novelas, O Magnata e Manuela. A Globo percebeu o talento desperdiçado e oito anos depois ele retornou a emissora com uma história que comoveu o país.

FELICIDADE (1991)


Uma colcha de retalho é costurada na vida de varias pessoas quando Helena (Maitê Proença) mente e esconde a paternidade da filha Bia.
HELENA DA VEZ: MAITÊ PROENÇA
A volta de Maneco a Globo não poderia ser mais adequada nesta história que, atualmente é reprisada no canal Viva. Tony Ramos volta a colaborar com o amigo, mas desta vez num papel aquém dos marcantes João Vitor e Quinzinho e de Abel. Seu Alvaro é mimado e algumas vezes irresponsável e bon vivant.
VILÃ: DEBORA
Atrevida, mimada, mal educada e vingativa. A primeira grande vilã de Manoel Carlos atende pelo nome de Débora e foi o primeiro papel da carreira de Viviane Pasmanter. Ela irritou a todos pela tentativa de afastar seu filho Alvinho (Eduardo Caldas) de sua irmã Bia (Tatyane Goulart).

HISTÓRIA DE AMOR (1995)

Helena vive em conflitos com sua filha adolescente Joyce (Carla Marins), que namora o bad boy Caio (Ângelo Paes Leme) e acaba gravida dele. Isso causará a irá de seu pai, o temperamental Assunção (Nuno Leal Maia).
HELENA DA VEZ: REGINA DUARTE
Após anos sem participar de uma novela, Regina Duarte volta e no horário das 6. Você acha que ela ligou? Pelo contrario, Regina apresentou a Globo a ideia de nunca acabar com a novela a transformando num seriado. História de Amor apresentou Maneco em sua melhor forma, numa trama repleta de personagens cativantes e uma história que em nenhum momento fica chata. Aqui temos a primeira inclusão do que se chama hoje de responsabilidade social, quando Maneco presta um serviço ao publico apresentando como se vive um cadeirante (Assunção que sofre um acidente no decorrer da novela) e uma mulher com câncer de mama (a personagem de Bia Nunnes Marta tem a doença). Os temas foram explorados com delicadeza tipica do autor.
VILÃ: Historia de Amor foi tão especial que é conhecida não por uma, mas por três vilãs. A primeira é a já citada Joyce, uma garota que apronta todas para a mãe e até expulsa a de casa. A outra é Paula (Carolina Ferraz) uma mulher mimada e irritante que não aceita perder Carlos para Helena. E a ultima é Sheila (Lilia Cabral) que está por trás de todas as armações da trama sem ninguém saber, se fazendo de boazinha até a hora certa de atacar.

POR AMOR (1997)

Helena e sua filha Eduarda (Gabriela Duarte) se casam e ficam gravidas ao mesmo tempo, ao dar a luz, o filho da garota morre e ela não poderá mais engravidar. Isso faz com que Helena faça uma troca de bebê e de o seu para a filha. Esse segredo ele levará até o dia que aguentar.
HELENA DA VEZ: REGINA DUARTE
Outra produção caprichada que comoveu o país ao ponto de na hora da novela, o congresso nacional e seus deputados paravam tudo o que faziam para acompanhar a história. Os personagens estavam na boca do povo e tanto os vilões como os mocinhos foram queridos por todos. Como esquecer o casal Nando (Du Moscóvis) e Milena (Carolina Ferraz)? Inesquecível também a trilha sonora que toca até hoje nas rádios. A primeira grande manifestação da internet no Brasil surgiu quando uma comunidade surgiu desejando a morte de Eduarda.
Regina não escondeu de ninguém o prazer ao trabalhar ao lado da filha, as duas protagonizaram cenas sensíveis e dramáticas.
VILÃ: BRANCA E LAURA
Branca Letícia de Barros Motta é uma vilã unica. A ricaça desdem dos dois filhos Milena e Léo (Murilo Benicio) e ama com todas as forças o mais velho Marcelo (Fabio Assunção). Ela também destrata o marido pois nutre uma paixão por Atilio (Antonio Fagundes). Laura (Viviane Pasmanter) é a eterna apaixonada por Marcelo e vive atormentando a vida dele com a mulher.

LAÇOS DE FAMÍLIA (2000)

Helena abre a mão da felicidade em nome da filha, que se apaixona pelo namorado dela. O que poderia separa-las as une ainda mais depois de Camila (Carolina Dierckman) descobre estar com leucemia.
HELENA DA VEZ: VERA FISCHER
Maneco escreve outra história que emocionou a todos, principalmente após a descoberta da doença de Camila. A tensão dentro da Globo era grande, pois toda a novela giraria em torno da doença da garota o que poderia afugentar a audiência. Mas um escritor com sensibilidade de Maneco, somado a um leque de personagens carismáticos, provou ao contrario. A doença de Camila foi tão bem trabalhada, que durante a novela, o numero de doadores de medula cresceu. A Helena da Vera Fischer é mais uma mãe que abdica da vida amorosa, para a filha ser feliz e protagoniza cenas emocionantes e sensíveis.
VILÃ: ÍRIS
Apesar de muitos considerarem Alma (Marieta Severo) como vilã, ela apenas implicava com as escolhas do sobrinho Edu (Reinaldo Gianecchini). Quem aprontou todas foi Irís (Deborah Secco) e sua doentia paixão por Pedro (Jose Mayer). Ela aprontou para todas as mulheres que apareciam na vida do pião, inclusive a veterinária Cinthia (Helena Ranaldi) e sua própria irmã, Helena. Alem disso, ela também não gostava de Camila.

PRESENÇA DE ANITA (2001)


Um escritor em crise vai passar o natal com a família na terra de sua esposa, la ele se depara com a sensual Anita (Mel Lisboa) e acaba com sua vida.
Uma mini serie que marcou época, Presença de Anita conquistou números expressivos de audiência exibida as onze da noite. Recheada de cenas de sexo, a atração mostrou Maneco bem diferente daquilo que estávamos acostumados.

MULHERES APAIXONADAS (2003)

Assim como revela o titulo, Mulheres Apaixonadas é um painel contando a historia de varias mulheres e as paixões de suas vidas.
HELENA DA VEZ: CHRISTIANE TORLONI
Maneco aqui alterou o rumo de sua escrita, ao invés de uma grande trama central contado a historia de seus personagens, fez vários núcleos cada um com sua protagonista. Nesta novela, a Helena da vez teve a história menos desinteressante de todas que carregaram este nome nas novelas do autor. Infeliz no casamento? Amante do medico garanhão? Nada disso teve importância perto dos dramas vividos por Raquel (Helena Ranaldi) que chocou o Brasil ao ser espancada pelo marido diversas vezes, ou então o tratamento que Heloísa (Guilia Gam) passou por amar demais o esposo. Outra trama que deu o que falar foi o romance lésbico entre duas adolescentes.
VILÃ: DÓRIS
Mulheres Apaixonadas foi uma novela de personagens femininas muito fortes e Dóris não chegava a ser uma vilã. Ela era o retrato fiel de muitos adolescentes que desprezam e faltam com respeito com os idosos.

PÁGINAS DA VIDA (2006)


Nanda (Fernanda Vasconselos) da a luz a gêmeos. Uma das crianças tem síndrome de Down e a avó a despreza, assim a medica Helena adota a bebe e com o passar dos anos vai travar uma disputa pela guarda dela.
HELENA DA VEZ: REGINA DUARTE
Paginas da Vida tinha tudo para ser um novelão. Repleta de tramas e personagens interessantes. Mas Maneco sempre teve uma predileção em ter suas novelas o mais atuais possíveis, de preferencia com os personagens comentando assuntos que ocorreram ha poucos dias. Mas isso é difícil de se fazer principalmente numa produção complicada e complexa, como numa novela da maior televisão do Brasil. O resultado foi uma produção confusa que decepcionou um pouco o telespectador que lia certas manchetes nas capas de revistas e elas não aconteciam na novela. Em compensação, devido a presença da menina Joana Mocarzel, ela e Regina Duarte protagonizaram cenas emocionantes e comoventes. Outra personagem que comoveu a todos foi Marina (Marjorie Estiano) que tinha um profundo ressentimento pela mãe Carmem e idolatra o pai Bira (Eduardo Lago), um alcoólatra. A dedicação de Marjorie somada com seu talento foi reconhecido e ela ganhou o papel de protagonista de Duas Caras. OS bastidores da novela foram mais famosos que a trama pela confusao que alguns atores armaram por estarem descontentes com o rumo da história. 
VILÃ: TEREZA
Na melhor tradição das novelas do Maneco, a vilã mor de Paginas da Vida tinha toda uma história para agir de seu modo. Infeliz no casamento, amargurada e tendo seus planos frustrados com a gravidez indesejada por ela da filha, Tereza chocou a todos por desprezar Clarinha por ela nascer com Síndrome de Down. Destaque também para Carmen (Natalia do Valle) que de a outra virou a traída e Sandra (Danielle Winitz) que aprontou todas e levou muita cintada.

MAYSA - QUANDO FALA O CORAÇÃO (2009)

A historia de vida e a obra de uma das mais polemicas artistas brasileiras, a cantora Maysa Matarazzo contada por Maneco e dirigida pelo filho dela, o diretor Jaime Monjardim.
O autor não esconde desde que assinou Mulheres Apaixonadas que gostaria de dedica-se para obras mais curtas, como as mini series. A Globo deu outra oportunidade ao escritor ao autorizar o projeto de Maysa. Com uma qualidade de som e imagem impecável, assim como a interpretação quase perfeita de Larissa Maciel no papel titulo, garantiram o sucesso da produção, uma das primeiras obras de ficção no país ao ser exibida com a tecnologia HDTV.

VIVER A VIDA (2009)

Os bastidores da vida das modelos e pequenos contos da classe media carioca, como só o autor consegue fazer.
HELENA DA VEZ: TAÍS ARAUJO
O grande chamariz de Viver a Vida seria o a fato da trama ser estrelada por uma atriz negra, o que aconteceu pela primeira vez numa novela das oito em mais de 50 anos da TV brasileira. Infelizmente, por culpa do próprio autor, sua Helena negra acabou coadjuvante da sua própria historia quando o acidente e posterior tetraplegia de Luciana (Alinne Moraes) tomou conta da história.  Assim como a Helena de Mulheres Apaixonadas, esta de Viver a Vida não tinha uma historia forte, que emocionasse o publico. Tais Araujo, que não precisa mais provar para ninguém o seu talento, merecia algo melhor. Destaque para a estreia de Barbara Paz na Globo num papel de destaque, assim como Matheus Solano, fazendo papel de gêmeos.
VILÃ: A principio, Luciana fez as vezes da garota sarna que sempre tem nas novelas de Maneco, mas depois ela praticamente virou a mocinha. Um papel forte, sem necessariamente ser vilã ficou para estreante Adriana Birolli como Isabel a invejosa e venenosa irmã de Luciana.
  





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